Esses tempos andei pensando nessa pergunta. Qual é o real valor de uma idéia, onde um insight pode nos levar, qual é o poder de uma solução? Não são poucos os casos de pessoas criativas que tiveram aquele clique e subiram na vida. Claro que, para cada caso bem sucedido que temos notícia, deve haver, pelo menos, uns dez malsucedidos dos quais não temos nem idéia da existência (senão não seriam malsucedidos). Mas, será que vale a tentativa?
O lado positivo
Exemplos de sucesso não são difíceis de encontrar. Citando alguns:
Nem teria que explicar muito, mas não custa relembrar. Lá em 2004, Mark Zuckerberg fez uma brincadeira com o pessoal da faculdade, acabou derrubando uns servidores, foi convidado por dois irmãos gêmeos remadores com um sobrenome engraçado pra criar uma rede social, roubou a idéia deles e, no final das contas, criou a terceira maior nação do mundo. A rede tem 845 milhões de usuários e, recentemente, entrou na NASDAQ, a bolsa de tecnologia de NY, valendo pouco mais de um bilhão de Obamas.
Macarrão instantâneo
O Miojo, para os mais íntimos, foi criado por um chinês entre o começo e a metade do século 20 e é uma das melhores soluções para esse povinho apressado que faz a internet funcionar. Logo que foi lançado comercialmente, foi visto como um produto de luxo (Japão, 1958, 35 ienes o pacotinho), já que uma porção de macarrão pronto era vendido por um sexto do preço. Porém, logo se tornou bastante popular e foi ganhando mercado rapidamente. Em 71 surgiu o Cup Noodles (que tem um delicioso gosto de isopor) e, daí pra frente, deu tudo mais do que certo. Em 2010, 42 BILHÕES de pacotes/mês eram consumidos na China. Não é pouca coisa.
The Million Dollar Page
Essa é uma das que eu sou mega fã. Um universitário estava precisando de um extrinha e criou uma maneira no mínimo interessante. Fez uma página com uma área de 1000x1000 pixels, dividiu em lotes de 10x10 e vendeu cada lote por US$ 100, ou US$ 1/pixel. “Tá, quem é que vai querer comprar uma área minúscula de 10x10 pixels em um site que NINGUÉM conhece?”. Bom, não sei quem foi, mas o site atingiu o objetivo entre 26 de agosto de 2005, data em que foi lançado, e 1º de janeiro de 2006, quando os últimos 1000 pixels foram vendidos no eBay por US$ 38.100. Uma idéia no mínimo bizarra que deu certo e gerou uma série de clones.
MMORPG e joguinhos online
Quem leu esse post sabe que eu não sou lá muuuuito apegado a jogos eletrônicos. Ok, Portal é foda, GTA não tem igual, Skyrim é viciante e Team Fortress consegue juntar o engraçado e o divertido na mesma coisa. Mas ah, nada me prende por mais de duas semanas (exceto Doom 2, em 1995). Agora, se tem uma coisa que eu não consigo entender direito é o mercado dos jogos nos quais o usuário paga, com dinheiro de verdade, por itens do jogo. Ou seja, compra… nada. Na maioria das vezes, o coitado joga, joga, joga e joga, por uns 10 anos, até levar o personagem ao nível 650. Se eu entrar hoje e pagar 100 obamas, meu char sobe, imediatamente, para o nível 750.
Plantação de cenoura, aipim, berinjela e pepino.
É ÓBVIO que eu estou exagerando. Uma coisa que está se tornando comum é a estratégia dos jogos free com limitações. O Facebook está cheio deles, desde Farmville até o (excelente) Fruit Ninja. Jogue a vontade, se divirta como nunca e perca o emprego por jogar em horário de trabalho. Quer aumentar mais ainda a diversão? Compre alguns objetos especiais, espadas, armaduras, cenouras, etc. Na pior das hipóteses, o gasto não é tão estrombólico, já que não se pagou nada pelo jogo. Dá certo? Uma palavra responde essa pergunta: Zynga.
As tentativas falhas
Mas é claro que nem tudo são flores no mundo das inovações e idéias milagrosas. Muito mais numerosas que os casos de idéias que dão certo, são as que dão errado. Uma boa idéia em um momento, local ou com público inadequados tem grandes chances de ser tão eficiente quanto uma lâmpada incandescente, maior parte do esforço e do investimento se perdem no ambiente. Mas, as vezes, é muito difícil de prever esses eventos. Se a idéia não for um tremendo elefante branco ou a coisa mais inútil da galáxia, um estudo bem aprofundado pode garantir uma maior possibilidade de sucesso, mas a certeza normalmente não anda junto da inovação.
PS: é muito mais difícil de encontrar idéias que tenham dado errado. Segue aí algumas que tiveram certa repercussão ou chegaram a ameaçar um embalo:
Sega CD
Imagine-se em 1993. Os videogames voltaram ao sucesso com todo o gás depois da crise de 1983 e os donos da jogada são o SNES e o Mega Drive. O console da Nintendo liderava o mercado com pouca folga e o pessoal da Sega, na tentativa de assumir a liderança, lança um addon para o seu combatente. O Sega CD expandia, com um leitor de CDs, o Mega, aumentando a quantidade de jogos, a qualidade destes, entre outras funções zuper legais! Mas onde mora o problema então?
- O console da Sega era um pouco mais barato que o da Nintendo, o que fazia com que o público de menor poder aquisitivo optasse por ele. Quem compra um console por ser mais barato, vai comprar outro dispositivo, quase do mesmo valor, só pra poder jogar meia dúzia de jogos a mais?
- Comprei um Sega CD, show de bola! Agora só falta a outra metade. O dispositivo não funcionava sem o console.
- 1994, Playstation.
TV com Vídeocassete embutido
Seria uma excelente solução de entretenimento. Toda a diversão da sala da casa no mesmo aparelho, compatibilidade, praticidade, um espetáculo. Estragou o vídeo? Vovó fica sem novela até o conserto. Em boa parte dos casos, valia mais a pena comprar um vídeo qualquer e uma televisão do que comprar essa geringonça, já que o preço era consideravelmente alto. E, só por curiosidade, meu pai trocou de televisão em 2010, pra ver a copa do mundo. Antes disso, ele tinha uma TV de 1994, que comprou pra ver a copa. E o vídeo, duraria tanto tempo? O dele não durou.
Com essa, o seu time nunca mais perderá uma partida em casa!
Netbooks
Eu fui vítima dessa. Nada mais essencial do que portabilidade, não é? Então, tornemos nossos computadores portáteis, mais portáteis ainda! O que fazer para diminuir um, já diminuto, notebook? Cortar recursos. Economiza no processador, na tela, no HD, remove quaisquer placas auxiliares, saídas de ar decentes, usa teclas do tamanho de Mini Chiclets. O resultado só pode ser… UMA TREMENDA BOMBA! Eu tive um ASUS EEEPC 701, um colosso na história da informática com seus tremendos 4 GB de HD SSD, processador Celeron de 800 MHz e 512 MB de Memória, expansíveis até 2 GB. Data de lançamento, 2007. Durante os próximos 2 ou 3 anos, foram febre e tendência no mercado até que… 2010, iPad.
Fracassos imediatos
Também tem a série das tentativas péssimas e idéias bizarras que vão pro lugar de onde nunca deveriam ter saído. Essas nem merecem muitos comentários:
- Hula Burger, hamburger de abacaxi. Foi coisa do McDonalds, dá pra crer?
- Água Diet. Coisa de asiático, claro.
- Guarda-chuva pra cigarro. Tem gente que cobre com o nariz, né.
São coisas assim que me deixam orgulhoso da criatividade humana. Só que ao contrário.
Tá, e daí?
Afinal, vale ou não vale a pena investir numa idéia? Bom, continua difícil dizer. O que vale a pena é uma criteriosa análise da situação (verificar se a idéia realmente é útil, se existe mercado, se é viável) e, diante de resultados positivos, calcular os esforços necessários e tocar adiante! Afinal, mesmo que seja fadada ao fracasso, só se vai saber disso ao executar. E, como diria o ditado, “Quem não arrisca, não pega ninguém”.
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